18 April 2010

VISÃO DE ADULTO... VISÃO DE CRIANÇA...( Fiquei embargada!!)

Éramos a única família no restaurante com uma criança.
Eu coloquei Daniel numa cadeira para crianças  e notei que todos estavam tranqüilos, comendo e conversando.
De repente, Daniel gritou animado, dizendo: "Olá, amigo!", batendo na mesa com as mãozinhas gordas.
Os olhos dele estavam bem abertos pela admiração e a boquinha mostrava a falta de dentes.
Com muita satisfação, ele ria, se retorcendo.
Eu olhei em volta e vi a razão do contentamento dele.
Era um homem andrajoso, com um casaco jogado nos ombros, sujo, engordurado e rasgado.
As calças do homem,eram trapos com as costuras abertas até a metade e os dedos apareciam através do que foram, um dia, OS sapatos.
A camisa dele estava suja e os cabelos não haviam sido penteados por muito tempo.
O nariz do homem,tinha tantas veias que parecia um mapa.
Estávamos um pouco longe dele para sentir o cheiro que emanava dele, mas asseguro que cheirava mal.
Suas mãos começaram a se mexer para saudar.
"Olá, neném. Como está você?", disse o homem a Daniel.
Minha mulher e eu nos olhamos:
"Que faremos?".
Daniel continuou rindo e respondeu, "Olá, olá,amigo".
Todos no restaurante nos olharam e logo se viraram para o mendigo.
O velho sujo estava incomodando nosso lindo filho.
Trouxeram a comida e o homem começou a falar com o nosso filho como um bebê.
Ninguém acreditava que o que o homem estava fazendo era simpático.
Obviamente, ele estava bêbado.
Minha mulher e eu estávamos envergonhados.
Comemos em silêncio; menos Daniel que estava super inquieto e mostrando todo o repertório dele,
ao desconhecido, a quem conquistava com as criancices dele.
Finalmente, terminamos de comer e nos dirigimos à porta.
Minha mulher foi pagar a conta e eu lhe disse que nos encontraríamos no Estacionamento.
O velho se encontrava muito perto DA porta de saída.
"Deus meu, ajuda-me a sair daqui antes que este louco fale com Daniel", disse orando, enquanto caminhava perto do homem.
Estufei um pouco o peito, tratando de sair sem respirar, nem um pouco do AR que ele pudesse estar exalando.
Enquanto eu fazia isto, Daniel se voltou rapidamente na direção onde estava o velho e estendeu os braçinhos
na posição de "me pega no cólo!".
Antes que eu pudesse impedir, Daniel se jogou dos meus braços para os braços do homem.
Rapidamente, o velho fedorento e o menino consumaram pura relação de amor.
Daniel, num ato de total confiança, amor e submissão, recostou a cabeça no ombro do desconhecido.
O homem fechou os olhos e pude ver lágrimas correndo por na face dele.
As velhas e maltratadas mãos dele,cheias de cicatrizes, dor e trabalho duro, de modo suave, muito suavemente, acariciavam as costas de Daniel.
Nunca dois seres haviam se amado tão profundamente em tão pouco tempo.
Eu me detive, aterrado.
O velho homem, com Daniel em nos braços, por um momento abriu os olhos e olhando diretamente nos meus, me disse com voz forte e segura:
"Cuide deste menino".
De alguma maneira, com um imenso nó na garganta, eu respondi: "Assim o farei".
Ele afastou Daniel do peito, lentamente, como se sentisse uma dor.
Peguei meu filho e o velho homem  me disse:
"Deus o abençoe, senhor.
Você me deu um presente maravilhoso".
Não pude dizer mais que um entrecortado
"obrigado".
Com Daniel nos meus braços, caminhei rapidamente até o carro.
Minha mulher perguntava por que eu estava chorando e segurando Daniel tão fortemente, e por que estava dizendo:
"Deus meu, Deus meu, me perdoe".
Eu acabava de presenciar o amor de Cristo através da inocência de um pequeno menino que não viu pecado, que não fez nenhum juízo; um menino que viu uma alma e uns adultos que viram um montão de roupa suja.
Eu fui um cristão cego carregando um menino que não o era.
Eu senti que Deus estava me perguntando:
"Estás disposto a dividir seu filho por um momento?", quando Ele compartilhou o Filho D´Ele por toda a eternidade..
O velho andrajoso, inconscientemente, me recordou:
Eu asseguro que aquele que não aceite o reino de Deus como um Menino, não entrará nele.' (Lucas 18:17).

No comments:

Post a Comment